sábado, 23 de julho de 2011

História

Caboclos

Umbanda, Unicamente Umbanda
 
É voz corrente se ouvir dizer Umbanda Limpa ou Branca, Umbanda Traçada, Umbanda Esotérica, Kardecista, Iniciática, Umbanda no Angola, Umbanda no Jeje, Umbanda no Mina, Umbanda no Nagô  e outras tantas classificações desse quilate, que nos põe a cada momento estupefatos, dado à variedade de designações para esse "movimento mágico religioso", produzido pela imaginação febril e tacanha onde medram os mais desprezíveis e delirantes pensamentos sobre a nossa Umbanda.
Umbanda é coisa séria, para gente séria. Umbanda sendo a única religião criada no Brasil, não pode ser dividida. A nossa religião deve ser trada com carinho, amor, seriedade e estudo, sobretudo com renovação de caráter dos que a professam para que a mesma possa espelhar a grandeza de sua doutrina.
A Umbanda se sente desmerecida com o tratamento que lhe dispensam boa parte dos Terreiros onde se vê mais "animismo" do que "mediunismo"; mais interesses cúpidos do que magias; mais deslealdade do que autenticidade; mais personalismo do que espiritualismo. A Umbanda que está aí, não espelha sua verdadeira magnitude. São arremedos, nuances, propósitos, insultos, fantasias, infantilismos e graças ao nosso Deus Supremo (Zâmbi), em raros Terreiros, uma quase genuína manifestação do que seja a Umbanda, unicamente Umbanda.
O sacrifício de animais (oferenda de sangue) nunca foi, não é e nem será ritual de Umbanda. 
"Não cobrar, não matar, usar o branco, evangelizar e utilizar as forças da natureza".
Portanto, podemos afirmar que a Umbanda é produto de evolução espiritual ou religiosa.

Origem
Suas origens estão contidas nas filosofias orientais, fonte inicial de todos os cultos do mundo civilizado, que implantada em nossa terra, reuniu-se às práticas dos conceitos e crenças do índio, branco e negro.
A raiz mais antiga do registro do vocábulo Umbanda encontra-se nos UPANISHADS, textos sagrados da Índia.
É comum ouvir dizer que a Umbanda foi trazida ao Brasil pelos escravos, entretanto devemos considerar que a Umbanda surgiu sobre o amálgama das crenças negras e nativas com o cristianismo.
Segundo, Matta e Silva, "toda essa complexa mistura, que o leigo chama de macumba, baixo espiritismo, magia negra, envolvendo práticas fetichistas e barulhentas ... era a situação existente, quando surgiu um vigoroso movimento de luz, ordenado pelo astral superior, feito pelos espíritos que se apresentavam como Caboclos, Pretos Velhos e Crianças.

O Que é a Umbanda
Não é uma ramificação do catolicismo, muito menos do candomblé.
A   influência Africana desempenhou papel relevante na formação da Umbanda, da qual se constituiu um dos principais alicerces, dando-lhe, como contribuição primordial, Os Orixás. Em sua prática, a Umbanda aproxima-se mais da origem nativa. Na estrutura, porém prevaleceu a influência Africana (nomes, rituais e costumes) 
A Umbanda é uma doutrina espiritualista como o Espiritismo, o Catolicismo, o Protestantismo, o Judaísmo, o Exoterismo, etc..., o que não impede de haver entre elas diferenças essenciais que lhes dão características próprias.
Tem a Umbanda seus Sacerdotes, com seus graus iniciáticos, como Tatás (com mais de 30 anos), Babalorixás (homens) e Yalorixás (mulheres), podendo realizar Batizados, Casamentos e outras cerimônias dentro de seus cultos.
Se religião é todo culto que contém seu cortejo de Divindades, ou melhor, chamado de Teologia (relação entre os deuses e os homens), o seu cerimonial ou Liturgia (fórmulas consagradas de orações) e seus praticantes ou sua classificação hierárquica, Umbanda é Religião. Podendo ser enquadrada em outro sentido, como pr exemplo: Crença Mista, pelo fato de que a Umbanda nada mais é do que uma mistura de várias religiões, tendo fundamento básico na Crença dos Espíritos.

Surgimento da Umbanda
Esta religião brasileira, surgiu em 15 de novembro de 1908 com o médium Zélio Fernandino de Moraes que tinha 17 anos de idade. O Patrono foi o Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Ordenado pelo astral superior, feita pela manifestação de espirítos que se apresentavam como Caboclos (índios nativos de nossa terra) e os Pretos Velhos (velhos africanos que haviam servidos como escravo) que não encontravam campo de ação nos remanescentes Cultos Negros, já deturpados, confusos e desordenados e dirigidos quase que exclusivamente para trabalhos do mal.
A Lei principal da Umbanda é resumida numa só palavra CARIDADE: no sentido do amor fraterno em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, raça, o credo e a condição social, não podendo haver ambiciosos, vaiodos, mistificadores, pois estes, mais cedo ou mais tarde, são afastados da Umbanda pelos espíritos de luz.
As normas da Umbanda são:
Sessões - assim se chamariam os períodos de trabalhos espirituais;
Vestes - os participantes estariam uniformizados de branco;
Sacrifícios - o sacrifício de aves e animais é totalmente alheio a Umbanda;
Fundamento Básico - é a crença ou culto aos espíritos evoluídos;
Atendimento - gratuito.
A origem da palavra Umbanda é oriunda do Sânscrito (a mais antiga língua da Terra _ raiz mestra dos demais idiomas existentes no mundo), que se pode traduzir por "DEUS AO NOSSO LADO" ou "O LADO DE DEUS". Um outro significado é UM _ DEUS (único) e BANDA _ POVO DA TERRA.  A Umbanda não invoca os espíritos dos desencarnados sem luz.
Na Umbanda são trazidos, e não invocados, os espíritos dos desencarnados, através dos espíritos das Linhas (Caboclos e Pretos Velhos), a fim de conscientizá-los de que deixaram o mundo material, e portanto, deverão deixar de se ligar a tudo que é material.
A Umbanda fundamenta-se nos seguintes princípios: É a crença nos espíritos, dando condição aos mesmos de evoluir, sejam de qualquer classe ou ordem, encarnados (Alma) ou desencarnados(Espírito, prpriamente dito).
Em Essência, a Umbanda fundamenta-se nos seguintes pontos básicos.
1. Na existencia de Deus Único, Onipotente, Irrepresentável, adorado sob vários nomes (ZÂMBI);
2. Na crença de um "Orixá Maior", denominado de Oxalá;
3. Na crença de Entidades Espirituais em Plano Superior _ Os Orixás ou Santos, chefiando falanges;
4. Na crença de Guias Espirituais, mensageiros dos Orixás (Caboclos e Pretos Velhos);
5. Na existência do Espírito, sobrevivendo ao homem, em caminho de evolução, buscando o aperfeiçoamento   (Exus);
6. Na crença da Reencarnação e na Lei Cármica de Causa e Efeito;
7. Na prática da Mediunidade, sob as mais variadas apresentações;
8. Na afirmação de que as Religiões constituem diversos caminhos de evolução espiritual, que conduzem a Deus;
9. Na prática da Caridade Material e Espiritual;
10. Na necessidade do Ritual, como elemento disciplinador dos trabalhos;
11. Na crença de que o Homem vive num Campo de Vibrações, que condicionam sua vida para o bem ou para o mal, conforme sua própria tônica vibratória.
  
As Setes Linhas Da Umbanda
    Linha - Linha de Oxalá
    Esta Linha representa a força máxima da Umbanda, de onde provêm o êxito de todos os trabalhos. É composta de diferentes espíritos de diferentes raças da Terra, não somente brancos e negros, entre eles os espíritos de pretos velhos, padres e freiras, culas almas purificadas atingiram a perfeição.
  • Legião de Santo Antônio
  • Legião de São Cosme e São Damião
  • Legião de Santa Catarina
  • Legião de São Expedito
  • Legião de Santa Rita de Cássia
  • Legião de São Francisco de Assis (Semiromba-frade)
  • Legião de São Benedito ou Benzet
  •  
  • 2ª Linha - Linha de Iemanjá
    Dirigida por Iemanjá, também chamada carinhosamente de "Dona das Águas", "Rainha do Mar" e outros nomes. Tem a proteção de Oxum, dona dos lagos e cachoeiras, dos rios, da fecundação e do amor, bem como da Nanã, atuando nas águas das chuvas, realizando a limpeza da atmosfera, purificando as camadas aéreas para que tenhamos no solo, na terra, condições de vida. Composta também de espíritos de diferentes raças, de caboclos, Pretos Velhos e Exus.
  • Legião das Sereias, sob a proteção de Oxum
  • Legião das Ondinas, sob a direção de Nanã
  • Legião das Caboclas do Mar, sob a orientação de Indaiá
  • Legião das Caboclas dos Rios, sob a chefia de Iara (Entidade dos Rios)
  • Legião da Estrela Guia, sob a direção de Santa Maria Madalena
  • Legião dos Marinheiros, sob a chefia de Tarimá
  • Legião dos Calungas, dirigida poe Exu Calunga ou Calunguinha
  • 3ª Linha - Linha de Omulu (Obaluayê)
  • Legião de José de Arimatéia, integrada pelas Falanges de Médicos e Cientistas
  • Legião de São Cipriano, integrada pelas Falanges de magias
  • Legião de Caboclos, integradas por Falanges de Caboclos oriundos de todas as raças
  • Legião dos Pretos Velhos, integradas por Falanges de Preto Velhos oriundos de todas as raças
  • Legião dos Povos Orientais, constituídas por Falanges de espíritos evoluídos de todo o Oriente
  • Legião dos Médiuns Curadores, intregrada por médiuns cuja mediunidade é curadora, aqueles que são magnetizadores, são mais ou menos aptos a curar através das mãos
  • Legião de Exu Curadô, constituída de falanges de Exus sob o comando de Exu Curadô (MARAMAEL)
  •  
  • 4ª Linha - Linha de Ogum
    Esta Linha, dirigida por Ogum (São Jorge), "Orixá da Guerra", cujas Legiões são chefiadas por guerreiros de diversas raças, constituídas de Caboclos, Preto Velhos e Exus, invoca as demandas espirituais.
  • Legião de Ogum Beira-mar, aliada ao povo do mar
  • Legião de Ogum Malei, aliada à Linha de Malei (Povo de Exu)
  • Legião de Ogum Megê, aliada ao povo Megê (negros africanos)
  • Legião de Ogum Naruê, aliada ao povo Naruê (escravos de várias raças)
  • Legião de Ogum Nagô, aliado ao povo de ganga (Linha de Nagô)
  • Legião de Ogum Iara, aliada ao povo dos rios (Caboclos)
  • Legião de Ogum Rompe-Mato, aliada a Oxossi e seu povo da mata
  •  
  • 5ª Linha - Linha de Oxossi
    Esta Linha é chefiada por Oxossi, "Orixá das Matas", "Orixá da Fartura" constituída de grandes entidades espirituais, espíritos puros que amparam os sofredores utilizando o processo de "Passes" e praticando a cura através das ervas, aplicadas por caboclos, com o auxílio dos exus das matas.
  • Legião do Caboclo das Sete Encruzilhadas (ou Caboclo das 7 Matas), que dirige as Falanges dos povos das florestas, tais como os espíritos das tribos Aimorés, Tupi, Tupiniquins e etc...
  • Legião de Araribóia, chefiada pelo Cacique Araribóia
  • Legião de Urubatão, chefiada pelo Caboclo Urubatão
  • Legião da Cabocla Jurema, chefiada pela Cabocla Jurema
  • Legião dos Tamoios, chefiado por Grajaúna
  • Legião dos Guaranis, chefiada por Araúna
  • Legião dos Peles-Vermelhas, chefiados por Águia Branca, integrando as Falanges de índios Chippeway, Sioux e etc...
  •  
  • 6ª Linha - Linha de Xangô
    Esta Linha dirigida por Xangô, "Orixá do Fogo" sob a orientação de São Jerônimo, também denominado Orixá da Justiça, impõe a justiça, dando castigo a quem merecer. É a Linha na qual aqueles que foram humilhados, serão elevados espiritualmente, os que castigaram, serão castigados e os que se enalteceram, serão rebaixados.
  • Legião de Iansã, chefiada por Santa Bárbara
  • Legião do Caboclo Ventania (ou dos Ventos)
  • Legião do Caboclo das Cachoeiras
  • Legião do Caboclo Sete Montanhas
  • Legião do Caboclo Pedra Branca
  • Legião do Caboclo Cobra-Coral
  • Legião dos Pretos Velhos, integradas por Falanges de todas as raças e dos povos de Quenquelê
  •  
  • 7ª Linha - Linha das Almas
    Dirigida por Dom Miguel, que no sincretismo católico corresponde ao Arcanjo São Miguel, integrada por Omulu (Obaluayê)
  • Legião de Pai Cambinda, integrado pelas Falanges do Povo da Costa
  • Legião de Pai José D'Angola, integrado pelas Falanges do Povo D'Angola
  • Legião de Pai Congo (ou Rei Congo), integrada pelas Falanges do Povo do Congo
  • Legião de Pai Jerônimo, integrada pelas Falanges do Povo da Moçambique
  • Legião de Pai Francisco, integrada pelas Falanges do Povo da Loanda
  • Legião de Pai Benguela, integrada pelas Falanges do Povo de Benguela
  • Legião de Pai Guiné, integrada pelas Falanges do Povo de Guiné
    Resumo das 7 Linhas de Umbanda
  • 1ª Linha de Oxalá - que representa a paz, a tranquilidade
  • 2ª Linha de Iemanjá - que representa a procriação
  • 3ª Linha de Omulu (Obaluayê) - que representa a saúde
  • 4ª Linha de Ogum - que representa a luta, a demanda
  • 5ª Linha de Oxossi - que representa o trabalho, a fartura
  • 6ª Linha de Xangô - que representa a justiça



  • 7ª Linha das Almas - que representa a humildade, a bondade 


    Palavra do Caboclo Pena Branca

    Caboclo Pena Branca, imagem intuitiva feita pelo médium Jimmi
    Filho de Oxóssi quando vem com uma risadinha no canto da boca, pode contar que vai falar uma piadinha. E veio o Syrus com o tal sintoma: Mamãe quer um chokito? Já sabia qual era a resposta ,mas falei: ah, eu quero sim filhinho! Pois então coloca o "dedito" na "tomadita". Ele estava rindo muito e tive que ensaiar uma risada assim também. Como é bom chegar no mundo agora não é? Tantas piadas "novas" pra escutar e passar adiante....
    No dia dos namorados rolava na rede que amor é uma coisa brega, tão brega que precisa de dois,como nas duplas sertanejas. De fato, o amor é algo muito antigo na humanidade e a discussão sobre ele também. Fiz uma grande descoberta hoje sobre ele, mas quero explicar um pouco sobre o contexto.
    Dificilmente visito outras giras que não seja a que freqüento, não tenho uma razão exata para isto, mas sou assim. Hoje resolvi quebrar um pouco isto e fui ver uma gira do Pai Beco de Oxóssi, no Terreiro do Pai Maneco mesmo. Amo as giras de Oxóssi, um cheiro de mato misturado à orvalho da manhã, num dia de verão (porque energia pra mim tem cheiro) e uma alegria com relação à vida sem igual. Talvez por isto Oxóssi seja tão ligado à cura e à saúde.Fui falar com o caboclo Pena Branca pedir uma ajudinha, um axé e fazer uma pergunta (lógico). Ainda estou digerindo tudo o que vi e senti. Quando você é iniciante na Umbanda, tem toda uma relação especial com ela, como num namoro, no começo quase é impossível não ser um pouco fanático. Aprendi que com o tempo as coisas se equilibram e tudo tem o seu lugar correto: sua vida social, familiar, profissional e religiosa coexistem sem conflitos.
    A história da relação do amor na vida das pessoas dentro das religiões  se desenrolou,muito resumidamente, da seguinte forma: primeiro se alguém fazia algo de ruim para outra pessoa se tornava uma guerra entre famílias ,e a briga se estendia por gerações. Aí, por volta de 1780 a. C., no Código de Hamurabi, veio a Lei de Talião, ou seja, olho por olho ,dente por dente. Se alguém te fez algo você devolve na mesma moeda e acaba aí. Era o dito "castigo-espelho". Anos depois surgiram os dez mandamentos, na Torá, para que as pessoas se harmonizassem e seguissem regras de entendimento comum.
    Se você levar em consideração que a primeira Bíblia foi impressa em  1456, pode-se levar em conta que a palavra do Cristo começou a ser mais divulgada a partir desta data .Lá está escrito que seria a partir daquele momento um só mandamento seria usado: Amai-vos uns aos outros. Apesar de simples, levou séculos para ser entendida, pois é de complicada execução e absorção, por incrível que possa parecer, mas está aí a história que não me deixa errar nesta afirmação.
    Portanto , na humanidade, o amor ainda está em evolução. O aprendizado do amor , creio eu, envolve várias vidas até chegar em sua plenitude pelo espírito. Perguntei ao Caboclo Pena Branca se ele teria alguma coisa a me dizer, para eu passar aos médiuns de Umbanda.  Havia muitas coisas que ele poderia dizer, então pedi que me falasse a que considerava mais importante no desenvolvimento mediúnico. Falou da importância do equilíbrio de nossos "vícios" como a inveja e arrogância e, de repente, senti que não só seu Pena Branca ,mas muitas entidades próximas. Ele me falou então que a meta do médium , de seu desenvolvimento total, é ser amor, não escolher o que se amará, mas ser amor. Até agora estou emocionada. Ser amor compreende uma vasta possibilidade de afinidades espirituais,  e uma compreensão plena da caridade e da fé. E se amar ao próximo como a si mesmo já é difícil, ser amor é algo que levará mais um bom tempo para ser compreendido. Uma árvore pode demorar anos para dar frutos, então o importante é plantá-la mais rápido possível.
    Hoje o Caboclo Pena Branca foi portador da voz da Umbanda como um todo e eu o agradeço muito por este presente, que sei que será utilizado por pessoas não só da minha religião, mas por todos aqueles que buscam, como eu, tornar a fé um meio de sermos um pouco melhores a cada dia, no entendimento da palavra amor. Hoje, em frente ao congá, me senti uma criança chegando ao mundo, maravilhada com as coisas que estou descobrindo. Saravá seo Pena Branca





    CABOCLO PENA BRANCA

    CABOCLO PENA BRANCA – O IRMÃO UNIVERSAL

    UM CABOCLO SEM FRONTEIRAS

    Por Ras Adeagbo.penaBranca
    Em 1929, o poderoso cacique Pena Branca, líder dos índios Yaqui do México, liderou uma  revolta contra a opressão e a injustiça que vitimavam o seu povo.  Desde este momento, nas terras americanas, o mito desta grande entidade nasceu.  Pena Branca é hoje um símbolo de liberdade, autenticidade e fraternidade.
    Entrando em contato com muitos irmãos de cultos afro-indígenas do México, Caribe e Estados Unidos, fiz esta pergunta a mim mesmo :
    -”Será nosso Caboclo Pena Branca, esta mesma entidade ou um representante dela ? “ 
    Certa vez, perguntei ao irmão Alberto Salinas, curandeiro e médium de uma tradição espiritualista mexicana, quais as principais entidades que incorporavam em seu templo. O primeiro nome que ouvi foi : Pena Branca.  Em seguida, comentei que no Brasil, também incorporava um índio do mesmo nome.  Ele não se surpreendeu e disse que outros “penas” também frequentavam sua sessão de cura, nada impedindo que fossem as mesmas entidades. 
    Longe dali, no Caribe, existe uma religião chamada de Vinte e Uma Divisões (ou Vinte e Uma Linhas) que é muito parecida com a nossa amada Umbanda.  Nos terreiros deste culto, trabalham destemidos espíritos de índios, pretos velhos, exus (ali chamados de candelos) e outros espíritos familiares.  Na Linha de Índio Bravo, uma das Vinte e Uma Linhas, encontramos também nosso velho amigo : Pena Branca !
    Ali ele baixa, firme e elegante, dando brados e vivas imponentes.  Com ele, também incorporam Águia Branca, Índio da Paz e outros “penas” :  Pena Azul, Pena Negra, Pena Amarela, etc…    Coincidência ?
    Nos estados sulistas dos Estados Unidos, existem algumas igrejas espíritas…. Coisa bem diferente, pois por fora parece um templo evangélico e por dentro um terreiro.  Os pastores são médiuns e bem íntimos com as manifestações do Mundo Invisível.
    O espírito principal que chefia estas igrejas, as vezes chamadas de Igrejas Espiritualistas Africanas, é o Chefe Índio Falcão Negro. 
    Quando o Chefe Falcão se manifesta, ele puxa outros companheiros das aldeias do astral, como Nuvem Vermelha, Águia Negra (nomes de chefes indígenas que existiram) e entre eles está : Pena Branca !  Mais coincidência ?
    Algumas fraternidades esotéricas americanas, que cultuam os Mestres Ascencionados como Saint Germain, El Morya e outros bem conhecidos da Nova Era, conhecem um belo Mestre curador.  Ele aparece como um índio banhado em branca e luminosa luz, dando sábios conselhos e mensagens (veja uma imagem dele aqui reproduzida).  Seu nome ?  Mestre Pena Branca.  Olha ele aqui de novo….
    Em algumas ilhas do Caribe existe um culto chamado Obeah, de origem africana.  Dentro dele são celebrados os mistérios dos espíritos de origem indígena taino, etnia local.  Existem muitas entidades indígenas, a maioria com comportamento muito arredio e nomes de animais, como Cobra Verde, Pantera Negra, Jaguar Dourado e etc…
    Quando incorpora a Falange do Povo Alado, simbolizada pelos pássaros e morcegos, um deles tem um destaque especial.  Este espírito se apresenta sério, compenetrado, usa tabaco fortíssimo e uma pena branca na cabeça.  Como é chamado ?  Índio Pena Branca.  Pois então, novamente o encontramos.
    Na Venezuela existe um culto belíssimo, semelhante em tudo com a Umbanda de nossa terra. Tem caboclo, preto velho, exu, marinheiro, Orixás e tudo de bom.  É a tradição de Maria Lionza, a Rainha Mãe da Natureza. 
    Na Linha Índia, comandada pelo famoso espírito do Cacique Gaicaipuro, incorporam centenas de caboclos venezuelanos e americanos.  Eles trabalham com pemba, bebidas diversas, água, cocares, maracás e todo o aparato ameríndio.  Chegam bradando e saudando o povo, que procura semanalmente os irmandades em busca de alívio, socorro material e espiritual.
    Certo dia em Bonaire, uma ilhazinha perto da Venezuela, eu participava de um culto de Lionza.  Perto do congá, estava um rapaz incorporado com um caboclo. Atento, o índio ouvia pacientemente uma velha senhora e a limpava com um maço de ervas perfumadas.  A senhora chorava muito e tremia.  No final da sessão, o semblante dela havia mudado.  Feliz, ela sentou-se no banco da assistência e orava agradecida.
    Curioso, eu me aproximei e perguntei o nome da entidade que a atendeu.  A velha irmã respondeu com reverência.  Adivinhem o nome do caboclo.  Ele mesmo, o grande índio Pena Branca !
    O tempo passou e a pergunta ainda batia dentro da minha cabeça. Será que é o mesmo Pena Branca ?  Terá este caboclo conhecido da Umbanda viajado tanto assim ?  Afinal, ele é mexicano, americano ou brasileiro ?   Quem, afinal, nasceu primeiro, o Pena Branca daqui ou de lá ?  Inquietações de um pesquisador, pois os afilhados e médiuns de Pena Branca não ficam, creio eu, tão preocupados com a sua origem.
    Uma bela noite, em um modesto e tranquilo terreiro umbandista do interior paulista, acontecia uma gira de caboclo.
    A líder do terreiro abriu o trabalho e incorporou. Seu Pena Branca estava em terra, em todo o seu esplendor e força.
    Fiquei atento, lembrei-me do Caribe e pensava em tudo isso que agora escrevo aqui. 
    O caboclo Pena Branca riscou seu ponto, pediu um charuto, deu algumas ordens ao cambono e olhou para onde eu estava.  Senti uma estranha energia percorrer minha espinha.  Ele continuou olhando e acenou.  Me levantei e acenei de volta.
    Foi então que ele falou :
    - Filho, era eu, lembra ?  Tem aí um maço de ervas bem cheiroso para mim ?
    Salve Seu Pena Branca !
     
    ORAÇÃO A SEU PENA BRANCA (rezada no Caribe)
    Em nome de Deus Todo Poderoso,
    Eu  invoco o grande Pena Branca,
    fiel espírito índio, grande herói,
    zelador de meu altar e morada.
    A você que me guia e conhece minhas necessidades,
    peço proteção e luz.
    Livra-me de toda má intenção e inimigos, ocultos ou manifestados.
    Vigia meus caminhos e que nenhum feiticeiro ou bruxo malvado,
    possa cruzar comigo.
    Grande espírito, te ofereço esta vela (acender uma vela verde) e chamo seu nome.
    Amém !


    RECEITAS TRADICIONAIS

    BANHO DE PROTEÇÃO PENA BRANCA (utilizado no Caribe)
    4 litros de água,
    Um pouco de erva cidreira,
    Um pouco alfavaca,
    Algumas pétalas de rosa branca.
    Ferver as ervas, esperar esfriar um pouco e acrescentar as pétalas.
    Acender uma vela verde antes do banho.
     
    ÁGUA DE PENA BRANCA PARA PURIFICAR A RESIDÊNCIA (receita da Obeah).
    1 litro de água mineral,
    Um pouco de erva cidreira,
    Um pouco de arruda,
    Um pouco de verbena,
    Sete gotas de essência de almíscar.
    Misturar as ervas e ferver.  Deixar esfriar e adicionar a essência.
    Acender uma vela verde e pedir a Pena Branca para benzer a água.
    Depois que a vela acabar, borrifar os cantos da casa, cama e objetos pessoais.
     
    VELA MÁGICA DE PENA BRANCA PARA TRAZER PAZ (receita do culto Maria Lionza).
    Uma vela de sete dias branca,
    Um pouco de melaço de cana,
    Um pouco de açúcar cândi,
    Sete cravos-da-índia,
    Sete gotas de essência de rosas,
    Sete gotas de essência de verbena.
    Misturar em um prato o melaço, açúcar e as essências.  Untar a vela (mas não o pavio) e espetar os cravos nela, formando uma cruz (pode fazer os furinhos com a ajuda de um prego fino).  A vela deve estar sem a capa de plástico.  Acender a vela e pedir a ajuda  deste caboclo.





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    Artigos

    Título: História do Caboclo e Mestre Pena Branca Mestre Ascensionado Pena Branca Salve amados irmãos e irmãs do Sagrado Caminho do Xamanismo Ancestral, Jaya Ahow!

    Por favor, aceitem nossas humildes reverências.

    A pedido de nosso Mentor Espiritual, escrevemos este artigo no intuito de trazer uma melhor compreensão acerca da Missão de Luz que o Mestre Xamã Akaiê Sramana desempenha como Canal Mediúnico do Caboclo e Mestre Ascencionado Pena Branca, assim como também para que todos compreendam melhor a missão da Sagrada Tradição Xamanismo Ancestral no Brasil e da ALDEIA DE SHIVA - Centro Espiritualista Universal Xamânico Ancestral.



    A Sagrada Tradição Xamanismo Ancestral neste ano está comemorando 10 anos de fundação, na data de 7 de dezembro de 2010.

    A ALDEIA DE SHIVA é o Centro Espiritualista Universal Xamânico Ancestral que vive, estuda, pratica e transmite os fundamentos e conhecimentos espirituais da Sagrada Tradição Xamanismo Ancestral, que é uma "Matriz Fractal de Conhecimentos", ou seja, uma codificação espiritual transmitida por Mestre Pena Branca no intuito de estabelecer uma conexão, ou melhor, uma ponte energética/espiritual entre o indigenismo e xamanismo Oriental com o Ocidental. As pessoas que vivem e frequentam a ALDEIA DE SHIVA podem comprovar a presença deste trabalho e poderão perceber e ter uma melhor visão de nossas atividades quando compreenderem a história de Mestre Pena Branca, portanto, pedimos a todos nossos irmãos que ao receberem esta mensagem que divulgem em vossas listas de emails, assim todos terão uma melhor compreensão e visão da nossa Missão Espiritual Xamânica, que desde a fundação salientamos e comunicamos a todos, que esta missão nunca foi de nenhum encarnado, e sim do nosso querido e amado Mestre e Mentor Espiritual Pena Branca.
    Pena Branca nasceu em aproximadamente 1425, na região central do
      Brasil, hoje, entre Brasília e Goiás, onde seu pai era o Cacique da tribo.

    Era o filho mais velho de seus pais e desde cedo se mostrou com um diferencial entre os outros índios da mesma tribo, era de uma extraordinária inteligência.

    Na época não havia o costume de fazer intercâmbios e trocas de alimentos entre tribos, apenas algumas tribos faziam isto, pois havia uma cultura de subsistência, mas o Cacique Pena Branca foi um dos primeiros a incentivar a melhora de condições das tribos, e por isso assumiu a tarefa de fazer intercâmbios com outras tribos, entre elas a Jê ou Tapuia e Nuaruaque ou Caríba.

    Quando fazia uma de suas peregrinações ele conheceu na região do nordeste brasileiro (hoje Bahia), uma índia Tupinambá que viria a ser a sua mulher, chamava-se “Flor da Manhã” a qual foi sempre o seu apoio.

    Como Cacique Tupinambá, foi respeitado pela sua tribo de tupis, assim como por todas as outras tribos e principalmente a maior rival, os Caramurús, que após a chegada dos portugueses se uniram aos Tupinambás, nascendo então outra nação indígena, a nação Caramurú-Tupinambá, na qual Pena Branca passou a ser o Cacique Geral, apesar disso, continuou seu trabalho de itinerante por todo o Brasil na tentativa de fortalecer e unir a cultura indígena.

    Certo dia Pena Branca estava em cima do Monte Pascoal no sul da Bahia, e foi o primeiro a avistar a chegada dos portugueses nas suas naus, com grandes cruzes vermelhas no leme.

    Esteve presente na primeira missa realizada no Brasil pelos Jesuítas, na figura de Frei Henrique de Coimbra.

    Desde então procurou ser o porta-voz entre índios e os portugueses, sendo precavido pela desconfiança das intenções daqueles homens brancos que ofereciam objetos, como espelhos e pentes, para agradá-los.

    Aprendeu rapidamente o português e a cultura cristã com 
    os jesuítas.

    Teve grande contato com os corsários franceses que conseguiram penetrar (sem o conhecimento dos portugueses) na costa brasileira – muito antes das grandes invasões de 1555 – aprendeu também a falar o francês.

    Os escambos, comércio de pau-brasil entre índios e portugueses, eram vistos com reservas por Pena Branca, pois ali começaram as épocas de escravidão indígena e a intenção de Pena Branca sempre foi a de progredir culturalmente com a chegada desses novos povos, aos quais ele chamava de amigos.






    O Cacique Pena Branca faleceu no ano de 1529, com 104 anos de idade, deixando grande saudade a todos os índios do Brasil, sendo reconhecido na espiritualidade como servidor na assistência aos índios brasileiros, junto com outros grandes espíritos, como o Cacique Cobra Coral e Cacique Tupinambá.

    Apesar de não ter conhecido o Padre José de Anchieta em vida, já que este chegou ao Brasil em meados de 1554, Pena Branca foi um dos espíritos que ajudou este abnegado jesuíta no seu desligamento desencarnatório e por isso Padre José de Anchieta trabalha atualmente em conjunto com Mestre Pena Branca sendo o Mentor Espiritual da ALDEIA DE SHIVA NET - ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL, que é uma divisão da ALDEIA DE SHIVA – Centro Espiritualista Universal Xamânico Ancestral, incubida de realizar programas de inclusão digital aos povos indígenas brasileiro, realizar treinamentos de computação e capacitação de informática nas aldeias, bem como realizar Programas de Intercâmbio Cultural Indígena, além de apoiar e manter as culturas indígenas intactas, sem prejudicar suas influências culturais e étnicas, dentro de seus costumes e práticas espirituais. Através de um Portal na Internet estabelecemos uma Rede de Intercâmbio Cultural Indígena Digital, que tem como objetivo aproximar etnias, tribos e aldeias indígenas brasileiras, dando-lhes maior autonomia econômica e cultural. Beneficiando o Brasil e o mundo através de uma interface de fácil acesso para a exposição da arte, cultura e costume indígena brasileiro, além de apresentar ao mundo a riqueza cultural e natural do nosso país, proporcionando ao povo brasileiro e mundial maior acesso às raízes indígenas da América do Sul.

    Pena Branca é o Líder e Mentor Espiritual da ALDEIA DE SHIVA e em conjunto com sua falange é responsável pela proteção da casa de investidas de espíritos das trevas, pela reposição fluídica, comandando equipes socorristas e agindo nas atividades de passes bioenergéticos de R'XA - REIKI XAMÂNICO ANCESTRAL com a equipe de Luz Ultra-Rubi-Violeta de Lord Kronn.

    Desde a fundação da Sagrada Tradição Xamanismo Ancestral e da ALDEIA DE
    SHIVA, o Caboclo e Mestre Pena Branca foi designado pelo Grande Espírito de Deus do Grande Mistério Shivaya, o único Deus do Panteão Hindú que é índio, para assumir essas tarefas, pelo domínio e conhecimento profundo que ele possui sobre manipulação fluídica e bioenergética e sobre os recursos da natureza da Mãe-Terra, sendo grande colaborador de trabalhos transformadores de cura.

    Akaiê Sramana é médium visionário, índio da etnia Caramurú-Tupinambá, canalizador e codificador direto do Caboclo e Mestre Pena Branca e atua a serviço do Comando de Pena Branca através da Sagrada Tradição Xamanismo Ancestral e da ALDEIA DE SHIVA - Centro Espiritualista Universal Xamânico Ancestral.

    Convidamos a todos que queiram conhecer de perto a Missão de Luz de nosso querido e amado Mestre Pena Branca a virem conhecer seu Lugar de Poder, a ALDEIA DE SHIVA, localizada em uma montanha a mais de 1.000 de altitude, na região onde habitavam os antigos índios guaianazes. Para conhecer a ALDEIA DE SHIVA




                                    CABOCLOS DE UMBANDA

     



    A palavra caboclo, vem do tupi kareuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. Espírito que se apresenta de forma forte, com voz vibrante e traz as forças da natureza e a sabedoria para o uso das ervas.
    A marca mais característica da Umbanda, uma religião surgida no Brasil no final do século XIX e início do século XX, é a manifestação de entidades espirituais, por meio da mediunidade de incorporação. Os primeiros espíritos a “baixar” nos terreiros de Umbanda foram aqueles conhecidos como Caboclos e Pretos-velhos, a seguir surgiram outras formas de apresentação como as Crianças, conhecidas, variadamente, como Erês, Cosme e Damião, Dois-dois, Candengos, Ibejis ou Yori. Essas três formas, Crianças, Caboclos e Pretos-velhos, podem ser consideradas as principais porque resumem vários símbolos: representam, por exemplo, as raças formadoras do povo brasileiro – indígenas, negros e brancos europeus – e também representam as três fases da vida – a criança, o adulto e o velho – mostrando a dialética da existência. Além disso, trazem valores arquetipais de Pureza e Alegria na Criança; Simplicidade e Fortaleza no Caboclo e a Sabedoria e Humildade dos Pretos-velhos, mostrando o caminho para a evolução espiritual dos sentimentos, do corpo físico e da mente. Com a expansão da Umbanda, muitas entidades apareceram, como os Baianos, Boiadeiros, Marinheiros e outras, sem falar de Exu, outro grande ícone umbandista.
    Essa diversidade confirma a abrangência desse movimento espiritual que chama a todos e recebe seres encarnados e desencarnados, com vibrações de fraternidade e amizade sob a luz de Oxalá.
    Nesse artigo trataremos, mais especificamente, das entidades conhecidas como Caboclos, in­variavelmente presentes nos terreiros de Umbanda, praticando a caridade e cumprindo sua missão espiritual.
    Existem variações no entendimento que os umbandistas têm sobre o que sejam os caboclos. As variações são próprias do movimento umbandista, notavelmente plural, mas há consenso na Umbanda, no fato de que os Caboclos são espíritos de humanos que já viveram encarnados no plano físico e são, portanto, nossos ancestrais. É interessante notar que em alguns cultos afro-brasileiros, os caboclos são considerados “encantados” e se relacionam com os espíri­tos da natureza, recebendo nomes de animais, plantas ou outros elementos naturais. Essa percepção se aproxima das lendas indígenas que narram um tempo em que os animais falavam e viviam em comunhão com os homens, podendo um se transformar no outro, (veja mais nas obras de Betty Mindlin).
    A palavra caboclo vem do tupi kariuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. A partir daí vem a relação com os índios brasileiros, de tez avermelhada. Assim, a palavra caboclo passou a designar aquilo que é próprio de bugre, do indígena brasileiro de cor acobreada. Posteriormente surgiu a noção de caboclo como mestiço de branco com índio, o sertanejo. Dada essa relação dos caboclos com os indígenas – nos terreiros de Umbanda é dessa forma que se manifestam -, e aproximando esse fato ao Orixá Oxossi, que em África é cultuado como Odé, o caçador, o Senhor das Florestas, conhecedor dos segredos das matas e dos animais que lá vivem, diz-se que os Caboclos que baixam na Umbanda são espíritos ligados a Oxossi. Muitos entendem que somente esses são caboclos e que as entidades da vibração de Ogum, Xangô, Yemanjá e Oxalá não seriam, propriamente, caboclos. No entanto, há caboclos da praia, do mar e das ondas, das pedreiras, das cachoeiras, dos rios etc., cujos elementos se associam mais aos outros Orixás que a Oxossi.
    Outra maneira de se interpretar as entidades de Caboclo, é como espíritos que se apresentam na forma de adultos, com uma postura forte, de voz vibrante, que trazem as forças da natureza, manipulando essas energias para trabalhar nas questões de saúde, vitalidade e no corte de correntes espirituais negativas. Seu linguajar pode se assemelhar ao dos indígenas, paramen­tados ou não com cocares, arcos e flechas, machadinha e espadas. Aqui estamos entendendo os Caboclos de maneira mais ampla, como símbolo de fortaleza, do vigor da fase adulta, existindo caboclos de Oxossi, Xangô, Ogum e mesmo aquelas entidades ligadas aos orixás femininos, como Yemanjá, Oxum, Yansã. É claro que essas últimas entidades não vêm como índias, mas com uma forma tipicamente relacionada aos seus atributos. Todavia, são entidades que se apresentam como adultos.
    Feitas essas ressalvas, podemos dizer que todas as entidades de Umbanda, especialmente as Crianças, Caboclos e Pretos-Velhos, são espíritos ancestrais que estão ligados, cada um, a um Orixá. Assim, as crianças trazem a vibração dos Orixás Ibeji, conhecidos na Umbanda Esotérica como Yori; os Pretos-velhos vêm sob as vibrações dos Orixás Obaluaiê, Nana Burukum ou Yorimá e os Caboclos podem ser de Oxossi, Xangô, Ogum etc. Também é preciso falar que existem os chamados cruzamentos vibratórios em que uma entidade de Ogum, por exemplo, pode trazer também as forças de outro orixá, como Ogum Yara que além das forças de Ogum, movimenta também as forças dos Orixás das águas, como Yemanjá, Oxum etc.
    Vejamos alguns exemplos de Caboclos de Oxossi: Caboclo Sete Flechas, Caboclo Folha Seca, Caboclo Pena Vermelha, Cacique das Matas, Caboclo Cobra-coral, Cabocla Jurema, Cabocla Jacyra, Caboclo Ventania, Caboclo Caçador e outros. Na linha de Ogum temos: Ogum de Lê, Ogum Beira-mar, Ogum Matinata, Ogum Sete Ondas, Caboclo Biritan, Ogum Megê, Ogum Sete Espadas e mais uma plêiade de espíritos que vêm sob essa vibração. Entre os caboclos de Xangô temos muitos caboclos famo­sos, como Caboclo das Sete Pedreiras, Caboclo Vira-mundo (que vem como Xangô ou Oxossi), Xangô Kaô, Caboclo Pedra Branca, Caboclo da Pedra Preta etc. Para citar alguns da linha de Oxalá, que dificilmente baixam, temos Caboclo Ubiratan, Caboclo Girassol, Caboclo Ipojucan, Caboclo Guaracy e Caboclo Tupi. Esses caboclos, normalmente, vêm fazendo cruzamento vibratório com outros orixás, especialmente com Oxossi.
    Todas as entidades de Umbanda são importantes. Ainda que alguns se orgulhem de serem médiuns de caboclos renomados e tidos como chefes de falange, o que vemos é que quando estão no terreiro, os Caboclos tratam uns aos outros como iguais, mostrando que o que importa é o trabalho espiritual e, como em uma aldeia, tudo é feito em conjunto e com as ordens dos planos superiores. Assim diz um ponto cantado de caboclos: na sua aldeia ele é caboclo, é Rompe-mato e seu mano Arranca-toco, na sua aldeia lá na jurema, não se faz nada sem ordem suprema.
    É também do linguajar de caboclo, que não cai uma folha da jurema (da mata), sem ordem de Oxalá, ou seja, que tudo na vida tem motivo e que nossas ações são registradas na lei de causa-e-efeito, ou lei do karma. Mas isso não significa ficar passivo, esperando o pior acontecer. Os Caboclos também ensinam a termos coragem e a sermos guerreiros na vida, lutando pelo que é justo e bom para todos. No que é possível, os caboclos nos ajudam a entrar na macaia (a mata que simboliza a vida), a cortar os cipós do caminho (vencer as dificuldades) e, se preciso, caçar os bichos do mato (vencer as interferências espirituais negativas). Essa postura é evidenciada em vários pontos, como esse:
    Atira, atira, eu atirei, eu bamba vou atirar Bicho no mato é corredor, Oxossi na mata é caçado.
    Cadê Vira-mundo pemba (bis)
    Tá no terreiro, pemba, com seus caboclos, pemba.
    Veado no mato é corredor, cadê meu mano caçador
    E o Caboclo Ventania que me protege noite e dia.
    Para quem vivência o terreiro, que há anos luta as batalhas espirituais e já viu os caboclos vencendo as demandas dos filhos-de-fé, afastando entidades negativas, tratando doenças que a medicina muitas vezes não resolve e dando lições de simplicidade, humildade, coragem e persistência, ouvir ou mesmo lembrar esses pontos cantados, traz uma sensação de alegria que enche o coração, renova o ânimo e nos dá a certeza de que estamos no caminho certo. Melhor do que qualquer leitura sobre caboclo é vê-lo incorporado atendendo quem precisa.
    Fonte: Revista Orixás, Candomblé e Umbanda – Ano I – Nº 02




                    CABOCLOS NA UMBANDA

                                         


    São considerados depois dos pretos velhos os grandes mentores espirituais da Umbanda. Foram eles que junto com os Catimbozeiros, decodificaram e organizaram a Umbanda e suas linhas. São comumente chefes de casas de santo, e não comum vem como entidades chefes das cabeças dos Zeladores ou Zeladoras.
    No ano de 1908 através do Médium Zélio Bernardino de Moraes, o Caboclo das 7 encruzilhadas anunciou a nova religião (genuinamente brasileira), fugindo quase que na totalidade dos costumes das nações do Candomblé. Hoje dentro de Umbanda o termo "Caboclo" designa tal importância ao ponto de ser sinônimo de entidades que nela trabalham.
    "Dentro de Umbanda não se faz Orixás e sim caboclos!!!" Essa expressão é por muitos desconhecida e confusa. Primeiramente o termo "caboclo" antes de designar índio, ou mesmo caboclos, tem dentro de Umbanda o significado de espírito que trabalha e que dentro da religião vem sob as ordens de algum orixá.
    Hoje o termo "caboclo" para muitos significa capangueiro, ordenança ou escravo do Orixá Oxóssi. Tal afirmação não é errada, mais para os estudiosos do santo incompleta.
    No começo de tudo, onde os Exus, Pretos Velhos, Catimbozeiros e Caboclos (índios) organizaram e decodificaram a religião Umbandista, a presença dos Caboclos era muito mais marcante do que a presença dos Velhos ou dos Catimbozeiros. No começo os cultos eram liderados por grandes mestres espirituais que usavam a pajelança e o catimbó , espécie de culto muito difundido até hoje no Nordeste que trabalha com as almas dos mortos e com uma simbologia toda própria extraída da fumaça dos cachimbos.
    Tal culto se baseava e tinha como centro energético um tronco de uma árvore chamado "Jurema". Aí começa a confusão e ao mesmo tempo toda a base para o enten dimento. Vale lembrar que "jurema" é uma árvore que ainda hoje existe nas terras do Norte.
    O termo catimbó muitas das vezes era substituído pelo termo "Jurema", em vez de se dizer "Vamos cultuar o catimbó" era dito "vamos cultuar a Jurema". Com a propa gação da Cabocla Jurema (grande espírito dentro de Umbanda), começou-se a ligar as entidades Caboclas aos Eguns (espíritos já mortos e que hoje trabalham na Umbanda).
    O termo caboclo então difundiu-se como espírito que hoje trabalha em Umbanda.
    Vale lembrar, que a maioria das entidades que trabalham em Umbanda foram realmente caboclos e caboclas (Caboclos de Oxóssi, Caboclos de Xangô, Caboclos de Ogum, Caboclas de Oxum, Caboclas de Iansã etc...). Daí a explicação para o termo "Umbanda não faz Orixá, Umbanda faz Caboclo".
    O Xangô que hoje incorpora em Umbanda, nada mais é do que o espírito de um índio, que viveu dentro de pedreiras e que tinha uma grande ligação ao Deus das Montanhas, Xangô.
    Hoje não existe Umbanda sem a força e a sapiência dos grandes Caboclos de Umbanda. Seus gritos de guerra, suas vestimentas, sua língua ainda viva e seus charutos fazem da Umbanda realmente uma das mais lindas religiões espiritualistas que existem. cabocla Jurema ,Cabocla Jupira,Jandira (filhas do Caboclo Tupinambá)



                                 Caboclos


    Podemos subdividi-los em Caboclos de Penas e Boiadeiros, embora na Umbanda ambos venham na vibração de Oxossi.
    Os Caboclos são espíritos que já passaram pelo nosso plano espiritual, embora muitos deles venham com uma “vestimenta” diferente dos nossos índios brasileiros. Ex: os índios americanos.
    São entidades que apresentam uma certa rigidez com energia e vitalidade de guerreiros. São leais e sinceros.
    Trabalham combatendo energias negativas, desmanches de feitiços, rezas, banhos, e limpeza vibratória. Ex: passes.
    Na maioria das casas os caboclos são as entidades que são responsáveis pelo desenvolvimento dos médiuns.
    CABOCLO DE PENAS
    Entidades que viveram anteriormente em nosso plano como índios, mas não necessariamente no Brasil.
    A maioria dos Caboclos de Penas possuem influência dos tupi-guaranis, xavantes, tupinambás, etc.
    SAUDAÇÃO: Oke Caboclo! Saravá os caboclos!
    NOMES DE CABOCLOS DE PENAS: Caboclo Pena-Branca, Caboclo Tupinambá, Cabocla Jurema, Caboclo 7 Flexas, Caboclo Juremeiro, Cabocla Jandira, etc.
    DIA DA SEMANA: Quinta-feira
    DATA FESTIVA: 20 de janeiro ou dia de obrigações do médium ou o dia em da confirmação do ponto riscado.
    BEBIDAS: vinho moscatel, vinho rascante ou seco, água-de-coco, etc…
    COMIDA: frutas (Manga,banana, uva, goiaba, laranja, abacate, etc) milho
    ERVAS: arueira, samambaias, boldo, mangueira (folhas), manjericão, etc…
    FLORES: todas
    LOCAL DE VIBRAÇÃO: as matas e florestas, riachos com matas, etc…
    BOIADEIROS
    Foram encarnados como trabalhadores, principalmente no sertão do Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.
    Suas manifestações nos terreiros de Umbanda são muito contraditórias. Há um preconceito grande por alguns acharem que estas entidades são “traçada” com Exu, outras por serem entidades que estão relacionadas com o Candomblé.
    São entidades de cura de males espirituais e no desmanche de feitiçarias.
    Quando dançam imitam como laçadas em boiadas, pulando espinhos do sertão, pulando rios, cavalgando.
    Muitos são rudes ao chagar no terreiro, mas amáveis ao consultar um filho. Não gostam de brincadeiras no terreiro, hora de brincar é hora de brincar. Hora de trabalhar é hora de trabalhar. Gosta de ordem e hierarquia. Ex: Caboclo Tupinambá
    São cavalheiros e exímios cavaleiros.
    SAUDAÇÃO: Xetroá caboclo !
    NOMES DE BOIADEIROS: Boiadeiro 7 Luas, Caboclo Jundiara, Caboclo Jubiara, Caboclo 7 Laços, Caboclo Laço de Ouro, Caboclo Lajedo Grande, Navizala, etc.
    DIA DA SEMANA: Quinta-feira
    DATA FESTIVA: na Bahia (2 de julho), geralmente nos dias de obrigações dos médiuns ou das casas.
    BEBIDAS: água-de-coco, vinho moscatel, sumo de ervas, cachaça com mel, garrafadas, etc…
    ERVAS: Jurema, samambaia (todas as mesmas de caboclos de penas)
    FLORES: todas
    LOCAL DE VIBRAÇÃO: as campinas e pastos











            Candomblé de Caboclo

    Candomblé de Caboclo é todo o candomblé que além do culto aos Orixás, cultua espíritos ameríndios chamados caboclos.

    Caboclo – No Candomblé é o dono da terra. Na sua maioria são espíritos de índios. Os caboclos de maior popularidade são: Tupinambá, Tupiniquim, Sete flechas, Pena Branca, Sultão das Matas, Sete Serras, Serra Negra, Pedra Preta (este ultimo foi o espírito do famoso pai de santo Joaozinho da Gomeia), Erú, Rompe Mato, Raio do Sol, Rompe Nuvem e outros. Na Bahia os Candomblés são em maioria caboclos, são um misto de Keto e Angola.

    O Candomblé de Caboclo pode-se dizer assim, é uma manifestação própria de Salvador e municípios vizinhos, na Bahia, o candomblé de Caboclo é uma espécie de candomblé nacionalizado, que toma por base a ortodoxia do candomblé jeje-nagô, e em Salvador há uma festa anual que se inicia no dia 24 de Junho e que dura três dias e se destina precisamente a homenagear estas entidades.
    Trata-se portanto de um exemplo nítido do sincretismo religioso popular no Brasil.


    Registam-se nele influências indígenas e mestiças, resumindo-se os hinos especiais de cada encantado ou caboclo, cantados em português, a uma declaração dos seus poderes sobrenaturais.
    Existem ainda os “Candomblés de Caboclo”, típicos dos cultos trazidos pelos negros de Angola. Nessas cerimónias, as filhas e os filhos de santo incorporam não apenas os orixás, mas também os espíritos de “caboclos”, que seriam entidades de luz da corrente indígena.
    A FALANGE DOS CABOCLOS DETALHADA
    Habitat: matas e ambientes da vibração originária
    Libação: água de côco, mate, mel com água, caldo de cana, vinho tipo moscatel
    Ervas: cipó cabeludo, cipó caboclo, eucalipto, guiné caboclo, guiné pipi, samambaia
    Flores: girassol, flor de ipê, palmas de diversas cores, conforme a vibração originária
    Essências:
    Para os caboclos: eucalipto, girassol.
    Para as caboclas: eucalipto, pinho, tintura de tolu
    Fitas: verde, vermelha e branca
    Pedras: quartzo verde
    Metal: da vibração originária
    Dia da semana: Quinta-feira ou o dia da vibração originária
    Dia da Lua: não tem dia específico
    Saúde: não tem área de saúde específica
    Ímãs para trabalho: de acordo com a orientação da entidade
    Objetivo: vigor, pujança, energia
    Cozinha ritualística: milho e amendoim cozidos e passados no mel, servido com folhas pequenas de saião, que servem como “colher” e que também devem ser ingeridas
    Além dos caboclos, incorporam-se nestes candomblés os espíritos que se denominam Exú (masculino) e Pombagira (feminino), mas não é o mesmo Exú Orixá do Candomblé, são bem diferentes, são Exú de Umbanda.
    É sempre bom lembrar que Exú catiço ou Exú de Umbanda (como é chamado o Exú não Orixá), Pombagira e afins nunca foram do Candomblé tradicional. O que existe são zeladores que tiveram passagem pela Umbanda e depois se iniciaram no Candomblé, trazendo consigo algumas entidades da Umbanda, mas isto não as torna do Candomblé, elas (entidades) simplesmente estão em casas de Candomblé ou Candomblé de Caboclo, mas são em realidade Guias da Umbanda.







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